Infelizmente
vivemos num mundo que anuncia a diversidade em propagandas, mas quando a
enfrentamos de frente os Pré Conceitos, falam mais alto. Quando assumi a minha turma da tarde, todos
me falavam: “pede uma auxiliar por que o aluno com laudo precisa”, “Tu não vai
dar conta sozinha”, “Coitadinho ele precisa de uma pessoa só para ele”. Confesso que assumi a turma com medo de todos
estes “crocodilos”, mas a minha primeira ação foi tratar ele como tratava todos
os outros colegas, e hoje eu posso dizer que consegui. Consegui descobrir uma
criança que tem sim dificuldade na fala (troca alguns fonemas), tem mais
dificuldade para se concentrar em algumas atividades, pois quando a atividade
não chama a atenção dele e dos colegas, o trabalho não rende, mas quando eu
entro na realidade, na imaginação deles, utilizando o lúdico, o trabalho flui,
e o menino que era taxado de coitadinho, se sobrepõe aos seus colegas.
A autora do texto Como crocodilos e avestruzes, nos trás a deficiência como um Fenômeno Global, que é dividida em dois
subfenômenos: A deficiência Primária (deficiência e incapacidade) e a
Deficiência Secundária (desvantagem). Os dois subfênomenos estão ligados entre
si, pois através da deficiência e incapacidade, se dá a desvantagem que o
portador da deficiência possui. Acredito que como Educadores, temos o dever de
dar condições iguais para todos os alunos, não importando cor, raça ou
deficiência. No caso do meu aluno, o grau de deficiência dele não é tão alto. A
inteligência dele é muito maior do que a sua incapacidade. Para ele evoluir,
faltava um profissional que acreditasse nele, e foi o que eu fiz.
Contrapondo
isto, vejo uma menina altista, que está em outra turma pelo turno da manhã, mas
nem a professora nem a mãe ainda conseguiram achar um método para incluí-la em
sala de aula. Quando converso com a colega que trabalha com a menina, ela
apenas diz que a mãe quer que a menina seja incluída, mas a menina ainda não
conseguiu se integrar na escola, não demonstra interesse por nada, apenas grita
e chora quando está entre os colegas, pois as atividades não chamam a sua
atenção. Esta colega trabalha de forma bem tradicional, e se preocupa bastante
com os conteúdos a serem trabalhados. Acredito que isto possa prejudicar sim a
menina, pois somos nós como escola que temos que nos modificar a realidade dela
e não ela a nossa.
Quando a
menina altista está na escola, vejo muito ela passeando pelos corredores com a
professora dela, esse é o mecanismo de defesa que a professora titular da turma
achou para conseguir lecionar com os outros alunos. Particularmente, eu sou
contra disposição de mesas “enfileiradas uma atrás da outra”, mas algumas
colegas ainda utilizam deste recurso, para deixar os alunos mais agitados no
fundo da sala, assim não interagem com os demais.
Como já citei
anteriormente, acredito que a escola tem que se adaptar as necessidades das
pessoas com deficiências, ainda mais na Educação Infantil, onde a interação com
o outro é o “carro chefe” da aprendizagem.
Não podemos
dar as costas ou simplesmente por que o aluno é agitado, colocar ele no fundo
da sala de aula e fazer de conta que ele não existe. Gosto muito de trabalhar
com o lúdico, e a disposição das mesas em formato de “U”, pois assim posso
circular entre todos e auxiliar um por vez. Trabalhar com as crianças em grupo
também é maravilhoso, pois a troca de conhecimentos e vivências deles é
fundamental para a aprendizagem.
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