domingo, 26 de novembro de 2017

Como Crocodilos e Avestruzes...

Infelizmente vivemos num mundo que anuncia a diversidade em propagandas, mas quando a enfrentamos de frente os Pré Conceitos, falam mais alto.  Quando assumi a minha turma da tarde, todos me falavam: “pede uma auxiliar por que o aluno com laudo precisa”, “Tu não vai dar conta sozinha”, “Coitadinho ele precisa de uma pessoa só para ele”.  Confesso que assumi a turma com medo de todos estes “crocodilos”, mas a minha primeira ação foi tratar ele como tratava todos os outros colegas, e hoje eu posso dizer que consegui. Consegui descobrir uma criança que tem sim dificuldade na fala (troca alguns fonemas), tem mais dificuldade para se concentrar em algumas atividades, pois quando a atividade não chama a atenção dele e dos colegas, o trabalho não rende, mas quando eu entro na realidade, na imaginação deles, utilizando o lúdico, o trabalho flui, e o menino que era taxado de coitadinho, se sobrepõe aos seus colegas.
A autora do texto Como crocodilos e avestruzes, nos trás a deficiência como um Fenômeno Global, que é dividida em dois subfenômenos: A deficiência Primária (deficiência e incapacidade) e a Deficiência Secundária (desvantagem). Os dois subfênomenos estão ligados entre si, pois através da deficiência e incapacidade, se dá a desvantagem que o portador da deficiência possui. Acredito que como Educadores, temos o dever de dar condições iguais para todos os alunos, não importando cor, raça ou deficiência. No caso do meu aluno, o grau de deficiência dele não é tão alto. A inteligência dele é muito maior do que a sua incapacidade. Para ele evoluir, faltava um profissional que acreditasse nele, e foi o que eu fiz.
Contrapondo isto, vejo uma menina altista, que está em outra turma pelo turno da manhã, mas nem a professora nem a mãe ainda conseguiram achar um método para incluí-la em sala de aula. Quando converso com a colega que trabalha com a menina, ela apenas diz que a mãe quer que a menina seja incluída, mas a menina ainda não conseguiu se integrar na escola, não demonstra interesse por nada, apenas grita e chora quando está entre os colegas, pois as atividades não chamam a sua atenção. Esta colega trabalha de forma bem tradicional, e se preocupa bastante com os conteúdos a serem trabalhados. Acredito que isto possa prejudicar sim a menina, pois somos nós como escola que temos que nos modificar a realidade dela e não ela a nossa.
Quando a menina altista está na escola, vejo muito ela passeando pelos corredores com a professora dela, esse é o mecanismo de defesa que a professora titular da turma achou para conseguir lecionar com os outros alunos. Particularmente, eu sou contra disposição de mesas “enfileiradas uma atrás da outra”, mas algumas colegas ainda utilizam deste recurso, para deixar os alunos mais agitados no fundo da sala, assim não interagem com os demais.
Como já citei anteriormente, acredito que a escola tem que se adaptar as necessidades das pessoas com deficiências, ainda mais na Educação Infantil, onde a interação com o outro é o “carro chefe” da aprendizagem.

Não podemos dar as costas ou simplesmente por que o aluno é agitado, colocar ele no fundo da sala de aula e fazer de conta que ele não existe. Gosto muito de trabalhar com o lúdico, e a disposição das mesas em formato de “U”, pois assim posso circular entre todos e auxiliar um por vez. Trabalhar com as crianças em grupo também é maravilhoso, pois a troca de conhecimentos e vivências deles é fundamental para a aprendizagem.

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