sábado, 4 de agosto de 2018

Inovação na Vida

Durante este semestre a minha vida mudou muito, tive muitas dificuldades para conciliar a vida acadêmica com a vida pessoal e profissional. Confesso que por inúmeras vezes pensei em desistir do curso, achando que não daria conta.
Mas enfim conclui a ultima atividade e agora posso respirar aliviada, e pensar no estágio que se aproxima no próximo semestre.
Deixo aqui um imenso obrigada, a todos que entenderam a minha situação, me auxiliando e até mesmo cobrando para que eu não desanimasse.

A importância da oralidade correta na alfabetização

Coelho, Lanza e Reis (2015) nos falam:
"Ler e escrever pressupõem o domínio de inúmeras habilidades, exigindo diferentes capacidades e vai muito além do simples ato de decodificar palavras. A aprendizagem da leitura e da escrita atravessou e atravessa um longo percurso. Nesse processo, de acordo com Godoy (2005), o ponto inicial da interseção entre a linguagem oral e a linguagem escrita é a relação entre letras e sons. Dessa forma, as características fonológicas da língua oral e as características do sistema de escrita contribuem como elementos facilitadores dessa aprendizagem."
Então se torna impressindível que as crianças tenham um suporte para ter uma boa orallidade, pronunciando de maneira correta as palavras. No municipio onde trabalho, as crianças com dificuldades na oralidade, são encaminhadas para o Centro de atenção ao Educando, onde são atendidas por profissionais  como os fonoaldiólogos, que auxiliarão a criança nas suas dificuldades.

Linguagem e escrita

Para associar uma representação fonológica a uma representação gráfica, é exigida do aprendiz uma capacidade fundamental: a consciência fonológica, aqui entendida como a consciência da estrutura de sons das palavras que podem ser decompostas em três tipos de unidades sonoras: as sílabas, as unidades intrassilábicas (aliterações e rimas) e os fonemas (MARTINS; SILVA, 1999).
Confesso que nunca tinha pensado antes em como a fala está ligada a escrita. Durante este ano estou trabalhando em uma EMEF e vejo as minhas colegas das séries iniciais utilizando o método das boquinhas para a alfabetização, este é um exemplo de como a linguagem é importante na alfabetização.

Como se adquire a linguagem?

Existem muitas teorias sobre este assunto, e creio que todas possuem um fundo de razão. Um exemplo disto está na coincidência de pensamentos de Vigotiski e Piaget que pensam que a criança adquire a linguagem através do convívio social. Creio que isto é muito verdadeiro, pois no tempo que trabalhei em um berçário, percebia o quanto as crianças aprendiam umas com as outras, e conosco, no convívio social.
Ao mesmo tempo Wallon, nos diz que as emoções influenciam nesta aquisição, e novamente concordo com ele, pois percebo que as crianças que possuem mais afeto da sua família, se desenvolvem melhor.

Ensinando a partir da Realidade

Paulo Freire, o grande incentivador da EJA, já nos falava que é essencial ensinar os alunos partindo daquilo que eles já sabem, buscando as suas experiências anteriores e linkando com a realidade atual.
Vargas e Gomes nos citam Vigotiski:
"Nesse processo, o sujeito parte de suas experiências, vivências e significados para uma análise intelectual, comparando, unificando e estabelecendo relações lógicas. Assim, os conceitos construídos ao longo da vida passam por um processo de transformação e ressignificação, estabelecendo uma nova relação cognitiva que resulta no desenvolvimento subsequente da consciência e de vários processos internos do pensamento, além da reconstrução de conceitos, agora, científicos (VYGOTSKY, 2008)."
Ensinar a partir da realidade do aluno, além de prazeiroso, se torma muito mais significativo, e é assim que o professor de EJA deve agir.

EJA: Lugar de quem?

Muitas vezes ouvi nos corredores de escolas: Tomara fulano ter idade para passar para o EJA, essa criatura só incomoda!
Mas seria o EJA apenas uma porta de acesso para os alunos que não querem nada com nada na escola?
Segundo Hara (1992, P.2):
"A alfabetização competente de adultos que une o compromisso político de educadores populares com a desenvoltura técnica necessária ao seu bom desempenho é ainda realidade poucas vezes encontrada."
Precisamos pensar como educadores, que o EJA é uma modalidade de ensino e não um lugar para onde os alunos mal comportados são destinados. Para isto é essencial dar condições para que estes alunos possam sim conseguir atingir seus objetivos, seja no ensino regular ou na EJA.

Os malefícios de uma Educação Bancária

Segundo Sartori (p.158):
"De acordo com Freire (1987), os pressupostos da educação bancária se assentam na narração alienada e alienante. Ou seja, há a perspectiva de educar para a
submissão, para a crença de uma realidade estática, bem-comportada, compartimentada, para a visão de um sujeito acabado, concluso. A educação bancária, nesse
sentido, repercute como um anestésico, que inibe o poder de criar próprio dos
educandos, camuflando qualquer possibilidade de refletir acerca das contradições
e dos conflitos emergentes do cotidiano em que se insere a escola, o aluno. Na
perspectiva freireana, a educação bancária tem o propósito de manter a imersão, a reprodução da conciência ingênua e da acriticidade."
Na verdade acredito que é isto que os nossos governantes querem, pois só assim terão cidadãos que não terão voz ativa na sociedade.
Cabe a nós professores trazer a realidade para a sala de aula, promovendo discusões sadias, para  propciar um conhecimento duradouro.

Filme O Aluno

Há alguns meses atrás, tive a oportunidade de assistir ao filme O Aluno. A história de um senhor de idade avançada que lutava para ter o direito de frequentar a escola. Em determinado momento do filme, este senhor é convidado a estudar em uma turma de ensino adulto, mas acaba não se adaptando, pois não se identifica com o local, que é frequentado por pessoas que não possuem o interesse em estudar.
Na turma regular, além de aprender a ler e escrever, ele auxilia a professora e ensina os outros alunos.
As vezes precisamos pensar em como os nossos alunos podem aprender melhor, e de que forma. A professora do ensino regular conseguiu satisfazer estas questões, pois assim como seus alunos menores, o senhor também tinha muita força de vontade para aprender.

Novas Tecnologias e a concorrência com as Velhas metodologias

A cada interdisciplina eu observo mais o modo como dou aulas e busco sempre inovar. Confesso que durante este ano não está sendo nada fácil, pois como estou desdobrada um turno, estou tendo que sucumbir ao que me é exigido. Com tantas novas tecnologias, o município onde eu trabalho resolveu implantas o "arcáico" método de apostilas. Além de não ir de acordo com a realidade dos alunos, os conteúdos que nela contém são fora do que os alunos aprendem durante o ano.
Segundo Schemeler (2006, p.39):
"Nós temos muito a dizer a eles, mas eles também têm algo a nos dizer. Nem tanto o céu, nem tanto a terra. Qual é a distância que existe? Onde ela está? Quem define o limite? Vamos estabelecer uma parceria? Pais, filhos, professores, alunos, idosos, jovens, adolescentes, crianças, precisam se comunicar, interagir, se entender."
Como isto é possível quando temos que trabalhar com uma metodologia engessada, que não atende as expectativas nem dos alunos nem mesmo as próprias... Confesso que é bem difícil

Inovação Tecnologica x Aulas tradicionais

Então você possui o melhor computador para planejar as aulas, a melhor impressora, uma internet super rápida, e utiliza para planejar o quê? Folhinhas que os alunos irão apenas pintar para passar o tempo.
Parece piada, mas é isto que acontece geralmente nas Escolas de Educação Infantis, as professoras pensam muito em trabalhos feitos em folhinhas, e esquecem de como a internet está cheia de boas idéias construtivas, onde as crianças aprenderão com muito mais prazer.
Segundo Shelmer (2006, p. 38):
"É preciso saber identificar quais são as metodologias que nos permitem tirar o máximo de proveito das TDs em relação ao desenvolvimento humano, ou seja, elas precisam propiciar a constituição de redes de comunicação nas quais as diferenças sejam respeitadas e valorizadas; os conhecimentos sejam compartilhados e construídos cooperativamente; a aprendizagem seja entendida como um processo ativo, construtivo, colaborativo, cooperativo e auto-regulador."
Assim sendo, de nada adianta termos os melhores recursos tecnológicos se não soubermos aproveitá-los.

Avaliação: Qual a melhor forma?

Chegamos ao final do semestre e chega então a hora de avaliar o trabalho desenvolvido com os alunos. Na minha turma de Pré B, entro quase todos os dias, não tenho hora Planejamento pois estou desdobrada na minha função, e para fazer os pareceres descritivos destes alunos tive muita facilidade.
Confesso que ter hora planejamento é muito bom, mas o fato de estar ativamente presente todos os dias em sala de aula, auxilia muito na avaliação na Educação Infantil, uma vez que está é feita continuamente, através dos trabalhos desenvolvidos.
Na charge acima, vemos um senhor avaliando diferentes animais. Se fosse dada a mesma prova para todos fazerem com certeza alguns se sairiam melhores que os outros, pois possuem habilidades diferentes. Assim é na avaliação contínua: o aluno é observado conforme suas habilidades, dando equidade de condições para que todos tenham um bom desempenho.

Como ter alunos critícos, aceitando trabalhar como o governo exige

Atualmente no município onde trabalho a SMEC implantou o uso de "cartilhas" do Sistema de Ensino Positivo, para ser trabalhado nas turmas de Pré Escola Nível B.
Este material é totalmente fora da realidade dos alunos, e em nenhum momento nos foi perguntado o que achávamos de tal material.
Confesso que como professora desdobrada no turno ta tarde sinto medo de reclamar e acabar perdendo a minha vaga, mas ao mesmo tempo vejo que é impossível trabalhar e obter sucesso utilizando este material.
Segundo Becker (P.11):
" Em nossas pesquisas, ou em observações informais, detectamos o seguinte comportamento: professores que participavam de greves do magistério público estadual ou federal, como “militantes progressistas”, mostrando compreensão - a nível macro - do que acontecia na economia e na política, ao retornar à sala de aula (nível micro), após o término da greve, voltavam a ser professores plenamente sintonizados com o modelo A. Sua crítica sociológica, freqüentemente lúcida, exercida, via de regra, segundo parâmetros marxistas, mostrava-se incapaz de atingir sua ação docente (prática); também não atingia seu modelo pedagógico (teoria)."
Assim sendo é preciso que a nossa classe lembre-se que não é só na rua que precisamos ser critícos, esta atitude deve estar presente em sala de aula com os nossos alunos.

Planejar é preciso...

Atualmente trabalho com duas turmas de pré escola, uma nível A e a outra nível B. Geralmente busco planejar as aulas para a semana de acordo com os meus planejamentos na escola. Pórém, quando se trata da Educação Infantil, isto nem sempre dá certo.
Na minha turma da manhã, canso de chamar o meu auxiliar para buscar atividades que estejam de acordo com  a realidade das crianças, pois além dele estar há mais tempo com os alunos, está sempre disposto a ajudar.
Segundo Rodrigues (p. 2) nos diz:
"Em outras palavras, "planejamento é processo constante através do qual a preparação, a realização e o acompanhamento se fundem, são indissociáveis". Ao revisarmos uma ação realizada, estamos prepa­rando uma nova ação num processo contínuo e ininterrupto."
Assim sendo, acredito que o planejamento vai muito além do que está escrito no diário, está presente até mesmo após a aula ser executada.
Referências:

 Planejamento: em busca de caminhos 

Maria Bernadette Castro Rodrigues1