sábado, 26 de agosto de 2017

Minha relação com a escrita


Durante o período de férias da faculdade, pude refletir sobre a minha relação com a escrita, e percebi que entre outras coisas, a escrita funciona para mim como uma terapia, onde eu esponho minhas angústias, minhas aprendizagens, minhas reflexões...
Esta semana foi mais uma semana difícil, pois perdemos duas colegas professoras em um acidente de carro, que assim como eu saíam de seu município todos os dias para trabalhar em outra cidade. Pegavam todos os dias a mesma estrada que eu pego, para levarem o conhecimento até os seus alunos... Não tinha intimidade com elas, conhecia apenas de vista, mas me peguei pensando que poderia ter sido eu e meus amigos que passamos minutos após o acidente pelo local. Não paramos, pois não reconhecemos o carro e já haviam muitos carros parados, creio que o nosso motorista tenha pensado: "iremos ser mais um bando de curiosos". Mas naquele momento, jamais pensamos que poderiam ser colegas, apenas rezamos para quem quer que fosse, estivesse bem...
Pois então, após chegar na escola, descobrimos quem eram as vítimas... Muitos amigos entraram em contato comigo ou com o meu esposo pensando que fosse eu, pois uma das professoras era conhecida por Prof° Lu, assim como eu. Ontem ainda uma aluninha minha me tirou lágrimas dos olhos, quando perguntou se as professoras tinham morrido e eu respondi que o papai do céu precisava de duas ajudantes lá e chamou elas, então ela me respondeu: eu não vim ontem por que achei que fosse tu Prof°...
E mais uma vez utilizo da escrita para expor meus sentimentos e angústias... Acredito que a minha escrita seja melhor do que a minha fala (mas sei que ainda vou melhorar muito), e isto não é de hoje... Na adolescência fazia um diário virtual, onde eu chorava muito enquanto escrevia, desabafando minhas tristezas e contanto as minhas alegrias.
Durante a aula de música dos meus alunos o professor Marcelo Maresia, fez uma música para eles, e me incluiu, pois eu fiquei na sala fazendo borboletas de papel. Em um trecho da música ele diz: "a professora recorta borboletas de papel, num cortador esquisito, brinca de papai do céu, fazendo borboletas de papel..."
Como gostaria às vezes, de ter o poder do "papai do céu" para poder tirar não somente as minhas angústias, mas dos meus alunos, dos alunos, amigos e familiares destas colegas que nesta triste semana perderam a vida... Como seria bom se tivéssemos o poder de tirar a tristeza do coração das pessoas... Mas ao mesmo tempo, creio que tudo tem a sua hora, nada acontece por acaso ou sem um porquê...


sábado, 5 de agosto de 2017

Primeira visita do Conselho Municipal de Educação no Anexo CIEP

São 4h da manhã, e eu perdi o sono mais uma vez...
Esta semana foi uma das mais difíceis desde que assumi as turmas no Anexo CIEP. Três colegas muito queridas perderam seus contratos, e apesar de nós concursadas e desdobradas continuarmos no anexo, sentimos muita a falta delas... É como se nós mesmas estivéssemos perdido o nosso emprego.
Além disso, ontem recebemos a primeira visita do Conselho Municipal de Educação, e a nossa orientadora educacional, estava em uma reunião na SMEC, assim como o supervisor. As componentes do conselho adentraram a minha sala por volta das 14:30h, sem me pedir licença foram perguntando de qual escola eu era e para quais escolas trabalhava. Meus alunos estavam brincando com seus brinquedos, pois era sexta-feira (dia do brinquedo), haviam acabado de sair da aula de música e eu estava fazendo a minha chamada do mês, que havia acabado de receber. Conversei com elas, explicando que era concursada 20 h e estava desdobrada mais 20h. Elas perguntaram a quantidade de alunos que eu tinha e eu disse que tinha 23 alunos em cada turma, então perguntaram se eu tinha alunos misturados de escolas diferentes na mesma turma e eu respondi que não sabia, pois estas informações só teriam com a pessoa que fica conosco sempre (a orientadora educacional). Elas observaram um pouco a sala e saíram em direção a sala multiuso.
Quando cheguei para tomar café, elas estavam mexendo em tudo, cadernos de chamada, computador, fichas dos alunos, livros pontos...
Confesso que até a fome perdi, pois apesar de não ter nada a temer, elas nos deixaram constrangidos, mexendo em tudo sem a pessoa que fica lá direto orientar, se isto é correto ou não não sei.
Dentre todos os acontecimentos da tarde, chamaram a nossa orientadora e a diretora da escola onde está localizado o anexo (CIEP) para uma reunião, e acreditem ou não, mas depois de todos os desafios que enfrentamos desde o início do ano, agora corremos o risco de ter que sair do Anexo, pois segundo elas têm muitas coisas irregulares.
E você que está lendo esta postagem agora sabe por que eu perdi o sono. Por que como uma colega que saiu esta semana nos falou: Nosso trabalho é com crianças, não mexemos com papéis, se fosse com papéis seria tudo mais fácil!
E acredito nisto fielmente, uma vez que fico pensando nestes alunos, que em menos de uma semana perderam as professoras que estavam com eles desde o início do ano, e agora estão correndo o risco de ter que trocar de escola...
Minhas duas turmas de Pré A continuam comigo, mas me preocupo muito com eles também, que querendo ou não possuem uma rotina dentro da escola e se tiverem que trocar de escola agora, como vai ser? Será que vou com eles? Será que o Conselho Municipal de Educação não teria que ter feito esta visita no início do ano, onde nós como professoras fazíamos milagres, num local quase sem recursos...
É com lágrimas nos olhos mais uma vez, que encerro está postagem... Pensando no que será dos nossos alunos... O que será dos meus colegas... O que será de mim se assim como as minhas colegas, tiver que deixar meus aluninhos e voltar para a EMEI Vovó Jura, onde estou lotada...