quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Assumindo a própria Raça

Fazendo o levantamento para um trabalho da interdisciplina Questões Étnico-raciais na Educação, me impressionei com a quantidade de pais que consideram seus filhos brancos, mesmo eles sendo visivelmente Negros, ou Pardos. De 22 alunos inscritos, 15 se enquadram nesta característica, mas apenas 3 se declararam negros ou pardos.
Como estou trabalhando em um anexo das escolas de educação infantil do município, não temos acesso aos documentos do censo, então enviei um pequeno questionário para os pais responderem em casa. 
Ao me deparar com tal resultado, lembrei-me do texto Aprender e Ensinar Relações Étnico Raciais no Brasil, principalmente no seguinte trecho, onde  Bento (2002 pág 48) citado por Silva (2006, pag 491):
"É oportuno salientar que branquitude é o reconhecimento de que raça, como um jogo de valores, experiências vividas e identificações afetivas, define a sociedade. Já raça é uma condição de indivíduo e é a identidade que faz aparecer, mais do que qualquer outra, a desigualdade humana."
Infelizmente, os pais de hoje em dia, ainda tem vergonha de autodeclarar seus filhos na raça de que realmente são.
Após o resultado (que deu acaso de concluir perto da semana da conciência Negra), eu tive uma conversa sobre raças com os alunos, e percebi que eles sabem de qual raça pertencem, mas ao mesmo tempo são influenciados pelos pais a se declararem brancos.
Entre algumas falas, ouvi: Minha mãe é pretinha profª, mas ela não gosta que chame ela assim. Então respondi ela é Negra! E isto parece ter soado como uma ofensa para a menina que me respondeu: NÃO!!!
Ouvi também: Eu tenho o cabelo enroladinho, mas sou bem branquinha né profª? E eu respondi: Será? o que você acha?
Nesta conversa mostrei diversas fotos de pessoas de diversas raças, através da televisão, e ao final eu disse: Cada um é lindo, do seu jeito e com as suas qualidades.